Tecida pela Manufactura de Tapeçarias de Portalegre a partir de uma pintura de José de Almada Negreiros (1893-1970) datada de cerca de 1923, a peça apresenta trama decorativa de lã, e trama de ligação e teia de algodão.

A marca da manufatura, no canto inferior direito do anverso da peça, é composta pelas iniciais MTP (Manufactura de Tapeçarias de Portalegre) e o monograma do diretor desta firma. Neste caso, estamos perante um exemplar produzido sob a direção de Guy Fino, um dos elementos envolvidos na fundação da empresa em 1946.

Almada Negreiros foi um dos precursores do movimento modernista em Portugal, cujo marco inicial ficou assinalado com a publicação da revista Orpheu. De perfil plurifacetado, trabalhou como desenhador, pintor, escritor, caricaturista, ilustrador, bailarino, cenógrafo e figurinista. Experimentou inúmeros suportes, como o azulejo, o mosaico e a tapeçaria. De entre as suas obras em locais públicos, podemos destacar diversos projetos de vitrais e pintura mural, entre os quais os frescos das Gares Marítimas de Alcântara e Rocha de Conde de Óbidos, e o grande painel inciso em pedra, intitulado Começar, executado para a sede da Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa. A sua colaboração com a Manufactura começou em 1949, com a tapeçaria Bailarina.