Esta pintura ilustra o estatuto do Terreiro do Paço como a grande praça cerimonial de Lisboa. O amplo espaço diante do palácio está engalanado e organizado a partir de um arco de triunfo construído com materiais efémeros, a que se associa uma alameda de ramos que formam uma ala de honra por onde passa o cortejo. Este dirige-se para o paço real, sendo saudado por uma parada militar e um conjunto de pessoas instaladas num palanque decorado com longa arcaria. Neste palanque deveriam estar as autoridades locais, enquanto a população lisboeta se aglomera no lado norte da praça para ver passar os recém-chegados. As portas do que foi a Casa da Índia, o arco da Portagem e a porta sob a Casa Nova da Rainha estão também ornamentados, assim como as janelas e varandas das casas mais próximas, de onde pendem colchas e tapeçarias.

No lado ocidental do terreiro, vislumbra-se a Fonte do Apolo, iniciada em 1652, pelo que é plausível que possa retratar os momentos finais das festividades organizadas em Lisboa por ocasião do casamento de D. Afonso VI com D. Maria Francisca de Sabóia, realizadas a 29 de agosto de 1666. Os elementos de arquitetura efémera repetem, em moldes gerais, os utilizados na festa de despedida da infanta D. Catarina de Bragança (1662). Há também notícia de enfeites semelhantes em 1687, data do casamento de D. Pedro II com D. Maria Sofia de Neuburgo.