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Quam Mirabilia Sunt Opera Tua Domine! [Quão maravilhosas são as Tuas obras, Senhor!]
LUSITANO, Vieira (1699-1783)
MC.DES.1792

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A tentativa de regicídio ocorreu na noite de 3 de setembro de 1758, entre a Quinta do Meio e a Quinta de Cima. A Quinta de Baixo integrava, à época, o palácio de Belém, comprado por D. João V ao conde de Aveiras.

Naquela noite, a carruagem em que o monarca regressava à Real Barraca da Ajuda, depois de um encontro amoroso com Teresa Leonor de Távora, foi alvo de vários tiros de bacamarte. D. José mandou seguir para casa do cirurgião-mor do reino, à Cordoaria, onde recebeu os primeiros tratamentos. Uma notícia oficial dos dias seguintes mencionava apenas que o soberano manifestava melhoras sensíveis e que o governo seria assegurado pela rainha, assistida pelo secretário de estado do reino. Estava em marcha, de forma cautelosa, a instauração de um dos processos jurídico-políticos mais sanguinários da história portuguesa: o julgamento e execução dos Távoras.

No local do atentado foi mandada erguer a Igreja da Memória, onde está sepultado o Marquês de Pombal.

Nesta alegoria, cujo título corresponde ao verso 104:24 do Livro dos Salmos, a parte superior é dominada pela Sagrada Família, que preside a uma corte protetora do rei, onde se destaca o anjo custódio do reino, representado na retaguarda do carro e secundado por outro anjo que empunha um estandarte com as iniciais JMJ (Jesus Maria José). O rei, retratado ao centro no interior da sege, é alvo do ataque de dois cavaleiros, que apontam as respetivas armas na sua direção, enquanto que um terceiro dirige a sua arma ao boleeiro (Custódio da Costa). No entanto, a arma deste último não disparou, graças à intervenção divina (Sagrada Família) que levou o anjo a molhar a pólvora da arma, impossibilitando o disparo que poderia ter sido fatal. Como contraponto ao amparo divino de que foi alvo o monarca, a parte direita do desenho é preenchida por figuras maléficas, numa referência aos promotores da conjuração do atentado e à participação jesuítica: sob o manto da traição, é apresentado um demónio rodeado por um grupo de morcegos (figuração que reporta ao poema satírico anti-jesuítico do franciscano Francesco Moneti (1635-1712), publicado postumamente em 1759, e no qual os padres da Companhia de Jesus são comparados a morcegos). O carácter maleficente da ação é ainda reforçado pela representação de serpentes que se enleiam nos rodados do carro e nas patas dos cavalos.

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in web Acesso online à coleção Sistemas do Futuro