Pressionados pela terceira invasão francesa (1810) e não obstante a defesa proporcionada pelas Linhas de Torres Vedras, muitos habitantes das vilas a norte de Lisboa procuraram refúgio na capital. A praça de Arroios era, por essa altura, a principal entrada em Lisboa pelo lado norte, e muitas famílias aí se concentraram, com os pertences que conseguiram transportar. Perante este inesperado afluxo de pessoas, o senado da câmara, entidades do reino e da cidade e até beneméritos privados organizaram a distribuição de sopa. No Largo de Arroios, os caldeirões foram instalados do lado direito, enquanto do lado oposto, encostados ao Palácio do Senhor de Pancas, se amontoam homens, mulheres e crianças, a comer a ração.

O espaço livre para circulação no largo é diminuto, o que revela a grande multidão que ali se concentrou. É provável que o desenho de Domingos António Sequeira seja de 1810, mas ele foi gravado apenas em 1813, com dedicatória a “Sua Alteza Real o Príncipe Regente D. João”, que se encontrava no Brasil há seis anos.