As tropas francesas entraram em Lisboa no dia 13 de novembro de 1807 sem que tivesse havido qualquer tipo de resistência por parte da população. Gradualmente, este sentimento de aparente conformismo foi sendo substituído por um profundo e silencioso descontentamento, em grande parte causado pelas medidas que, entretanto, foram tomadas pelo general Junot. A tensão foi crescente, e agravou-se seriamente com os acontecimentos ocorridos no dia 13 de dezembro de 1807. Nesse dia, com o intuito de impressionar a população, foi organizada no Rossio uma grande parada militar, composta por um contingente de cerca de 6.000 homens de todas as armas. No final da cerimónia foi hasteada no Castelo de S. Jorge a bandeira francesa. Ao ver ser substituída a bandeira de Portugal, a multidão que estava na Praça insurgiu-se violentamente. A revolta estendeu-se a outras ruas da cidade, percorridas por uma população em fúria que, a todo o custo, procurava atacar os soldados, abrandando apenas quando estes dispararam sobre ela. 

Esta obra, que representa a revista às tropas no Rossio naquele dia de 13 de dezembro de 1807, corresponde à terceira aguarela da série executada por António Francisco Xavier e que narra os principais acontecimentos que ocorreram em Lisboa, entre 27 de novembro de 1807 e 15 de setembro de 1808.