Esta pequena escultura (10,5 cm de altura) revela uma faceta pouco conhecida do culto a Santo António (nascido em Lisboa), cuja imagem com o Menino Jesus ao colo tem repercussão em muitas culturas do mundo.

Peça rara e historicamente muito significativa, originária do antigo reino do Congo, representa o resultado do encontro de culturas e a dinâmica do sincretismo religioso africano, bem como a singular manipulação das crenças cristãs levadas pelos colonizadores europeus.

Utilizada como espécie de amuleto, a imagem era usada para proteger dos inimigos, interceder pelos seus possuidores, ou socorrer as embarcações de naufrágios. Acreditava-se que possuía poderes curativos quando em contato com as áreas enfermas do crente, razão pela qual apresenta sinais evidentes de desgaste, devido à utilização dada pelos doentes, que a esfregavam diretamente na zona da enfermidade que pretendiam ver curada. Estas crenças foram levadas pelos escravos para o Brasil, mantendo o carácter latente na sociedade através da devoção a Santo António.