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O Mestre de Avis falando ao povo no Forum de S. Domingos
BARATA, Jaime Martins (1899-1970)
MC.PIN.0148

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Esta pintura, de pequena dimensão, é alusiva a um dos muitos acontecimentos da Revolução de 1383-85.

Após a morte do rei D. Fernando, em outubro de 1383, instalou-se uma crise dinástica. A sua única filha e herdeira, D. Beatriz, estava casada com o rei de Castela, Juan I, o que fez soar os alarmes da independência do reino, embora o contrato de casamento, assinado em Salvaterra de Magos no mês de abril, salvaguardasse a união dos dois reinos. Previa que o filho varão do casal real castelhano, assim que fizesse 14 anos, ocupasse o trono português. Ora, D. Beatriz tinha 10 anos, pelo que seria a sua mãe, a rainha-viúva D. Leonor Teles a assumir a regência do reino.

 

Foram várias as cidades portuguesas que aclamaram D. Beatriz, rainha de Portugal. Não foi o caso de Lisboa, que já em 1372 havia contestado fortemente nas ruas o casamento entre D. Fernando e D. Leonor Teles, por ser mulher casada e com um filho.

 

A animosidade do povo de Lisboa não esperou, por isso, para se declarar contra a regente e o seu principal conselheiro, o conde Andeiro, pelo que apoiou e participou no assassinato deste último, perpetrado por um grupo de cidadãos, entre os quais se destacava o Mestre de Avis, D. João (filho bastardo de D. Pedro I e irmão do rei defunto). O próprio, receando pela sua vida e no meio do turbilhão de gentes e acontecimentos, tentou fugir para Inglaterra.

 

Mas o comum povo livre e não sujeito a alguns tinha a noção que para enfrentar a regente e o rei de Castela precisava de uma figura grada da sociedade, ao seu lado. À porta do convento de S. Domingos, junto ao Rossio, o Mestre de Avis justificou os propósitos de partir e os de ficar. Ficaria para ajudar a defender o reino. Logo ali, foi aclamado em alvoroço como “Regedor e Defensor dos Reinos de Portugal e do Algarve”, com a promessa de o ajudar até à morte.

 

Foi desta forma que Martins Barata respondeu ao convite da Câmara Municipal de Lisboa que, em 1947, para comemorar o 8º centenário da tomada de Lisboa aos moiros, produziu um livro que ilustrava a história da cidade: «Lisboa oito séculos de História». O autor, professor de desenho em vários liceus, ficou responsável pela ilustração histórica e evocativa de numerosas reconstituições, em que pôde dar largas ao seu gosto pela verosimilhança e fundamentação documentada, provavelmente com um evidente e íntimo apoio dos amigos olisipógrafos Norberto de Araújo e Gustavo de Matos Sequeira. O artista já tinha efetuado o tríptico, que decora a escadaria principal do Palácio de S. Bento e os dois painéis para o átrio do Conservatório Nacional, no Bairro Alto.

 

Este acontecimento, encontra-se relatado na primeira parte da Crónica de D. João I, de Fernão Lopes, capítulo 26.

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