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Rua Nova dos Ferros no século XVI
BARATA, Jaime Martins (1899-1970)
MC.PIN.0147

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Terá sido no reinado de D. Afonso III que se iniciaram as primeiras intervenções significativas no urbanismo de Lisboa, que há muito havia transbordado a Cerca Velha, sobretudo para ocidente, ocupando parte significativa da atual Baixa. Desta forma, foi no vale da Ribeira que o rei adquiriu terrenos para construção de casas e lojas, de forma a incrementar o comércio. É provável que tenha sido ainda no seu reinado que se abriu a rua Nova, já que, quando D. Dinis iniciou a construção do “meu muro” (1294), a rua Nova já aparecia citada na documentação. Foi então este rei que a regularizou e a aumentou, sendo até ao terramoto de 1755, a via mais larga e comprida de Lisboa: paralela ao Tejo, situada entre o sopé da colina de S. Francisco e o Pelourinho, a rua Nova encontrava-se praticamente alinhada com a Sé. Representou o centro económico e comercial lisboeta por excelência, onde os ofícios estavam praticamente todos representados, com as suas lojas, tendas e boticas. Por isso, o movimento nesta rua era constante, por ser aqui que tudo se vendia e se comprava, mas também porque as suas dimensões proporcionavam a realização de justas e torneios, a passagem de procissões, cortejos reais e embaixadas estrangeiras. Hoje, poderíamos situá-la entre as ruas do Comércio e de S. Julião.

 

No início do século XVI, à rua Nova, já havia sido acrescentado o nome “dos Mercadores”. Apresentava-se rodeada de ambos os lados por edifícios de habitação de 3, 4 e 5 andares, com os pisos térreos ocupado por lojas onde se vendiam produtos oriundos dos quatro cantos do mundo, exibindo o luxo e o exotismo. Para aqui convergia, diariamente, uma população indiferenciada de mesteirais, gente escravizada, fidalgos endinheirados ou mercadores estrangeiros.

 

Terá sido em meados deste século, que a rua passou a ter duas denominações diferenciadas: a parte ocidental, era conhecida como rua Nova dos Mercadores, e pertencia à freguesia de S. Julião; a parte oriental, pertencia à freguesia da Madalena e denominava-se rua Nova dos Ferros. É provável que esta designação tenha surgido quando se colocaram grades de ferro defronte das lojas de produtos mais valiosos e casas de câmbio, para evitar assaltos.

 

Foi desta forma que Jaime Martins Barata a representou quando a Câmara Municipal de Lisboa, em 1947, para comemorar os “800 anos da tomada de Lisboa aos mouros”, produziu um livro que ilustrava a história da cidade: Lisboa 8 séculos de História. O autor, professor de desenho em vários liceus, ficou responsável pela ilustração histórica e evocativa de numerosas reconstituições, em que pôde dar largas ao seu gosto pela verosimilhança e fundamentação documentada, provavelmente com um evidente e íntimo apoio dos amigos olisipógrafos Norberto de Araújo e Gustavo de Matos Sequeira. O artista já tinha efetuado o tríptico que decora a escadaria principal do Palácio de S. Bento e os dois painéis para o átrio do Conservatório Nacional, no Bairro Alto.

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